Depois do lançamento de Esquadrão 51, não pensei que fosse conhecer nenhum outro indie game de navinha tão conceitual. Mas, como sempre, o brasileiro se supera e, recentemente, descobri um shmup como nunca vi igual: In Extremis. Lançado em 2016 na Steam, In Extremis foi fruto do trabalho duro ao longo de três anos de LNDFRR, “nome artístico” de Leonardo Ferreira, desenvolvedor carioca formado na PUC-Rio e gamer desde os cinco anos de idade. Como debut de LNDFRR, dá para imaginar como esse título carrega sonhos e, é claro, muita tentativa e erro. In Extremis é um game que se destaca de qualquer outro pela sua estética. LNDFRR queria criar um jogo que tivesse fases com identidades únicas, unindo inspirações diversas, desde games clássicos de navinha até conceitos como a Kabbalah. As referências presentes no game também são bastante variadas, misturando a jornada do herói, mitologia, desenhos antigos, filmes de terror italianos e, bem, pornografia dos anos 70. Com essas referências, era de se esperar que o resultado fosse no mínimo interessante. Em relação à jogabilidade, In Extremis não é muito diferente dos demais shmups. Sua nave se encontra em uma tela em constante movimento, onde você deve navegar para fugir de obstáculos e destruir seus inimigos. Para atacar, você começa com duas opções: uma arma com 5 tiros simultâneos e uma granada. E, enquanto esse bullet hell acontece, você ganha pontos pelo seu desempenho, que podem proporcionar benefícios depois, como novos tipos de armas e level-ups. O game In Extremis conta com 11 níveis no total, cada uma comprida e com um design tão único que poderia ser considerada como parte de um game diferente. Para guiar o jogador através dessa jornada fora do comum, o game começa com uma simples frase: “Cansei de tudo isso. Eu preciso de uma saída. Então, eu peguei minha nave espacial e escolhi o fim do universo como meu destino.” (Tradução nossa) Seguida, então, por uma fase em estilo clássico, com trilha sonora sci-fi retrô e inimigos no melhor estilo Space Invaders. A partir daí, você só precisa concluir mais quatro níveis para terminar o jogo. Ao completar cada fase, você escolhe um entre três níveis para seguir. E são nesses níveis que você pode escolher que tudo começa a ficar realmente surreal. Você pode navegar em uma tela de programação com bugs, lutar contra instrumentos musicais ou máscaras de teatro com páginas de Hamlet ao fundo, escapar de obstáculos do cenário que surgem ao som do Jazz e muito mais. O único defeito? Em determinados momentos, os estímulos visuais de In Extremis são tantos que o jogador pode ter dificuldade para identificar obstáculos e inimigos. Mas, considerando a experiência estética que este bullet hell oferece, não é um preço tão caro a se pagar. In Extremis é um grande candidato a se tornar um novo clássico cute. Embora lançado apenas ano passado, o game reúne todas as qualidades necessárias para o título: design ambicioso, artístico e, acima de tudo, nada comercial, como os bons e velhos indies.